quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Conheça um pouco da história do carnaval da Bahia

O carnaval de Salvador é hoje a maior festa de participação popular do planeta. Durante seis dias de festa, cerca de 2 milhões de foliões percorrem os circuitos, batizados Batatinha, Dodô e Osmar. Mas, nem sempre foi assim. Até o final do século XIX, a pequena burguesia e a elite se divertiam em desfiles e clubes, com bailes de máscaras ao som de marchinhas.
Os títulos dos circuitos são homenagens a grandes nomes no carnaval baiano. “São justas homenagens, a Dodô e Osmar, criadores do trio elétrico, e a Batatinha também, um dos grandes nomes do samba baiano, uma prova de que o samba é daqui”, afirma o historiador Manuel Passos, que também defende uma homenagem a Orlando Campos, criador do Trio Tapajós. “Entre 1963 e 1979, quando Dodô e Osmar estiveram afastados, foi o Trio Tapajós que segurou o carnaval da Bahia. Portanto, acho que ainda falta uma homenagem para ele”, diz.

Na Baixa dos Sapateiros, a festa dos negros era embalada pelos grupos Embaixada Africana e Pândegos D’África. O “divisor de águas” da Folia de Momo veio mesmo em 1950, com a criação do homenageado de 2010: o trio elétrico. A chegada do carro mais animado da festa, com as guitarras elétricas e o povo em polvorosa criou o primeiro circuito da festa: o Osmar, entre o Campo Grande e a Rua Chile. “Era um circuito único e tudo se concentrava ali. Havia os pontos de encontros dos jovens, dos trios”, explica o historiador.
No início da década de 1980, surgiu o segundo circuito, conhecido como Barra-Ondina, mas oficialmente batizado de Dodô. A restauração e a elevação do Pelô a patrimônio da humanidade fez surgir o último dos circuitos da festa, nas ruas do Centro Histórico, chamado Batatinha. “Uma justíssima homenagem a um dos maiores nomes do samba na Bahia, que foi o Batatinha, uma prova de que o samba é baiano”, diz Passos.
Escolher entre um dos três circuitos implica em adotar horários e gêneros musicais diferentes. Para Passos, o carnaval baiano sempre foi um palco de misturas, de todos os ritmos. “Tudo é permitido. Uma vez a Ave Maria foi tocada às 18h em cima do trio elétrico, com todo mundo em silêncio, foi uma das cenas mais bonitas que eu já presenciei”, testemunha.

Osmar – É nesse circuito que se encontram a maioria dos blocos alternativos, principalmente até o domingo de carnaval. Blocos afro, como o Malê Debalê, Munzenza, Bankoma, Ilê Aiyê e Cortejo Afro, e blocos infantis também passam por esse circuito. A partir do domingo, os blocos mais tradicionais, voltados para a axé music, começam a passar pelo circuito. Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Banda Eva e o trio do Rei Momo fazem a alegria dos foliões entre o Campo Grande e a Praça da Sé.

Dodô – A grande maioria dos blocos de elite faz esse percurso. “O surgimento do circuito Dodô fez com que a elite se deslocasse para lá, deixando o circuito Osmar um pouco de lado”, diz o historiador Manuel Passos. Asa de Águia, Timbalada, Cheiro de Amor, Ivete Sangalo e a Rainha do Axé, Daniela Mercury, fazem o trajeto Barra-Ondina. Este ano, Moraes Moreira também se apresenta, em comemoração aos 60 anos do trio. Pepeu Gomes, Rei Momo, recebe convidados também nesse circuito.

Batatinha – Os independentes se concentram no circuito histórico da festa. Levada do Jegue, Filhos e Filhas de Gandhy, Corisco e Carnapelô são alguns dos principais a desfilarem pelas ruas do Pelourinho.

Para Manuel Passos, a divisão do carnaval baiano em circuitos deu uma nova cara à folia, principalmente com a criação do circuito mais visitado, o Barra-Ondina. “É preciso encontrar formas de restabelecer o circuito Osmar como era antes, como um ponto de encontro que sempre foi”, completa.


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